Muito está sendo discutido por indivíduos e empresas sobre os cuidados que precisamos ter de agora em diante com a natureza. Chegamos a um ponto tão perigoso de degradação dos ecossistemas da Terra que todo o planeta parece estar despertando para o tema de forma conjunta, e talvez seja a primeira vez na história dos homens que isso ocorre.
Está científicamente comprovado, com relatórios e documentos emitidos pelos mais competentes profissionais da área ambiental, que uma mudança profunda na forma como vivemos não é somente importante, mas indispensável para a nossa continuidade como espécie nessa imensa e flutuante massa espacial chamada Terra. Acredito que cada um de nós possui a responsabilidade da mudança, e é por essa razão que estou convocando a todos nessa luta que é, acima de tudo, coletiva.
Alguns assuntos em especial vêm ganhando destaque por se tratarem de pilares nessa extensa lista de coisas a serem feitas por nós, humanos, para evitarmos um futuro ainda mais hostil e ecologicamente desequilibrado.
Você com certeza já deve ter ouvido falar algo sobre os fatores ESG, as compensações de emissões de carbono, os reflorestamentos, a limpeza dos oceanos, a busca por novas fontes de energia, a produção de alimentos de forma mais saudável, as consequências das mudanças climáticas, dentre tantos outros. E caso não tenha ouvido falar sobre nada disso, sugiro imediatamente um questionamento sobre o seu processo de manter-se informado, pois peças importantes podem estar faltando nele.
Recentemente as Agroflorestas foram citadas na novela Pantanal, da rede Globo, em horário nobre. Isso já pode ser considerado como uma consequência do aumento da importância de tais temas, inclusive para as classes mais populares que, em franca análise, são as que mais distantes estão dessas discussões.
Mas o que todas essas coisas possuem em comum? Já parou para pensar? Crie uma lista com tudo o que necessitamos fazer para salvar a raça humana e as ferramentas a serem usadas nessas ações, faça isso e tente achar um ponto em comum entre todos os tópicos.
Eu fiz a minha própria lista e acredito que independente do que tenha que ser feito, e da forma que tenha que ser feito, será fundamental uma revolução filosófica do bicho homem em primeiro lugar. Alguns podem chamar de revolução espiritual também, uma vez que a filosofia seja aplicada à prática da vida em uma maior consonância com a natureza, eventualmente chegaremos a uma compreensão que existe sim um mundo metafísico, e que isso nos influencia tremendamente.
O fato inegável é que precisamos agora voltar nossas atenções para nós, seres humanos, que visivelmente nos encontramos em um estado de total desconexão com a nossa essência. Por essa razão estamos nos destruindo e destruindo nossa casa em um ritmo assustador, e as previsões para o futuro não andam nada agradáveis.
Sempre que falo em sistemas agroflorestais e agricultura regenerativa, tento trazer algumas reflexões pertinentes à espiritualidade no mesmo contexto, porque para mim tudo passa pela análise desse tema em nossas vidas. Vejo que é muito nítido a ausência dessa discussão espiritual em tudo que fazemos, e essa omissão segue sendo o grande foco da falta de assertividade em nossas ações frente aos desafios que não param de chegar.
Um ser humano mais consciente de si irá mudar sua percepção da realidade, passando assim a atuar de forma mais enérgica e concentrada nos reais problemas que tem de enfrentar. Mas muito se engana quem pensa que essa tarefa é fácil. Se tornar um ser desperto, crítico e com alta capacidade de pensar por conta própria não é algo simples de ser feito, porém é essencial que o seja.
Quando escrevi meu livro tinha alguns objetivos em mente, dentre os quais posso destacar: o convite que faço aos leitores a questionarem suas realidades e a minha imensa vontade de difundir a Permacultura, a Agroecologia e as Agroflorestas, especialmente para quem nunca ouviu falar sobre tais assuntos.
Tento, no desenrolar do texto, sintetizar da minha maneira todos esses complexos pontos que considero vitais para a continuidade da nossa existência por aqui, trazendo informações baseadas em minhas experiências de vida, meus estudos pessoais e minha profissão.
Acredito que para termos sucesso nessa empreitada de nos salvar da autodestruição, primeiro teremos que cuidar do que está errado do lado de dentro do bicho homem, e após esse curador mergulho no indivíduo, ressurgir atuando na superfície de nossas ações com maior clareza e consciência, através de novas escolhas que nos levarão, com sorte e muito trabalho, a um harmonioso período de existência terrena.
As ferramentas maravilhosas que já temos à nossa disposição para construirmos um futuro melhor, tais como a Permacultura e a Agrofloresta, somente serão escolhidas por aqueles que conseguirem enxergar nelas essa potencialidade espiritual intrínseca, essa maravilhosa capacidade de criarmos verdadeiras revoluções no interior e no exterior de quem as praticam.
Meu trabalho é falar de ambas as partes, é mostrar como podemos criar um mundo melhor, mas ao mesmo tempo é também lembrar o porquê precisamos de um mundo melhor. Não dá para traçarmos uma rota segura e confiável rumo ao futuro se não temos plena consciência de onde estamos agora. Essa análise para mim é a espiritualidade posta em prática, sem o misticismo e a religiosidade que muitos atrelam à ela. É o indivíduo que olha para si e enxerga a auto responsabilidade por tudo que vem acontecendo ao planeta, e dessa forma decide agir com inteligência e precisão.
Da observação sincera e profunda do nosso momento atual como seres humanos surgirá uma conclusão um tanto óbvia: estamos doentes. E essa doença é sim de cunho espiritual e é a raiz de todos os nossos problemas, em todas as esferas, inclusive na empresarial. Por essa razão insisto em falar de Agroflorestas, por acreditar nelas, mas não posso deixar de falar da urgência do trabalho na esfera da espiritualidade humana, porque somente assim conseguiremos entender no nosso âmago quais os caminhos a tomar.
O futuro é agroflorestal, é sustentável, é da natureza e também da tecnologia. Minhas perguntas são: você consegue entender profundamente isso? E o que você tem feito para ajudar nessa batalha?
Pense nisso.
Texto de Bruno Lenzi – Autor do Livro Cuidando da Natureza – O reflexo da busca pela conexão interna
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